A mobilidade urbana refere-se ao deslocamento de pessoas e mercadorias/cargas no espaço urbano (BRASIL, 2012). A qualidade da mobilidade urbana está estreitamente ligada às distâncias entre os usos e a ocupação do solo urbano. Por isso, a Política Nacional da Mobilidade Urbana (PNMU), regulamentada pela Lei Federal 12.587/2012, ressalta ser imperativo que os planos de mobilidade urbana sejam elaborados em consonância com os planos diretores das cidades, que determinam onde e como deve ser ocupado o solo urbano, conforme estabelece a Lei Federal 10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade.

No cenário mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) vem trabalhando desde setembro de 2015 com a Agenda 2030, uns planos de ação global para atingir, em 15 anos, o desenvolvimento sustentável, devendo cada nação verificar quais metas são prioridade para que possibilite vida digna para todos os seus cidadãos. Esta Agenda tem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que se subdividem em 169 metas, com ampla abrangência de temas e que, ao mesmo tempo, estão conectados pelas três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. O tema sobre mobilidade urbana está incluído em diversos ODS da Agenda 2030 da ONU.

A proposta deste projeto é trazer Gibis e Jogos sobre os temas de mobilidade e habitabilidade urbanas, amparando-se na urgência de que as questões relativas à qualidade de vida nas cidades sejam apropriadas pelo maior número de cidadãos. A PNMU e o Estatuto da Cidade obrigam que as elaborações do plano de mobilidade urbana e do plano diretor da cidade, respectivamente, sejam realizadas com a ampla participação social. No entanto, embora a maior parte da população brasileira seja urbana, poucos sabem sobre as políticas públicas e sobre seus direitos enquanto cidadão.

Conforme Carvalho (2009), a linguagem de historinhas em quadrinhos (HQs ou gibis) estimula a atenção do público jovem, pois combina a linguagem simples com as imagens. Outros públicos também podem ser favorecidos com este tipo de linguagem, pois a utilização de imagens facilita a compreensão do conteúdo em tela e, assim, pode promover a popularização da ciência. Esta última entendida como o recurso de simplificar termos científicos, buscando atingir um público menos especializado (GERMANO e KULESZA, 2007).

Nos gibis os enredos podem ser engraçados ou não, podem utilizar cenários reais ou fictícios, para abordar as temáticas escolhidas. Um primeiro teste para esta abordagem foi realizado na entrega do trabalho final da disciplina ARQUI 0083 no semestre de 2020-1, onde foi dado a possibilidade para o aluno entregar em formato de gibi. O resultado foi positivo, demonstrando o interesse dos graduandos (público jovem) neste tipo de linguagem para tratar de questões científicas.

No caso especifico dos gibis e dos jogos deste projeto, espera-se que estes estimulem questionamentos sobre a qualidade de vida do bairro e cidade de quem estiver lendo e/ou jogando. A pulverização do conhecimento referente às questões de mobilidade e habitabilidade urbanas auxilia na construção de uma sociedade mais politizada. Temas importantes, que impactam na qualidade de vida nos centros urbanos, podem e devem estar mais próximos dos cidadãos.

Neste contexto, soma-se a cultura digital, que desde o final do século XX vem transformando as relações sociais, conforme Ascher (2010), somos a Sociedade Hipertexto. E, com a pandemia, verificamos as interações via digital emergirem cada vez mais. Desta forma, a produção de gibis e jogos, também em mídia digital, apresenta-se como uma possibilidade de aproximar os conteúdos de mobilidade e habitabilidade urbanas ao maior número possível de pessoas.

Por fim, ressalta-se que este projeto tem como inspiração o projeto “Popularização da Ciência da Computação” (PVB2866-2015, PVB3998-2016, PVB5267-2017, PVB6220-2018 e PVB6220-2018 ), da Prof.ª Dr.ª Maria Augusta Silveira Netto Nunes, ex-docente do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e atualmente docente na UNIRIO.

Referências:

ASCHER, F. Os novos princípios do urbanismo. Tradução e apresentação Nádia Somekh. São Paulo: Romano Guerra, 2010.

BRASIL. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. [on line]. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. 2001. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm [22 de março de 2021].

BRASIL. Lei n. 12.587, de 3 de janeiro de 2012. [on line]. Dispões sobre as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. 2012. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm [10 de agosto de 2015].

CARVALHO, J. Trabalhando com quadrinhos em sala de aula. CECIERJ – Educação Pública. (2009). Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0116.html>

GERMANO, M.; KULESZA, W. (2007) Popularização da Ciência: Uma Revisão Conceitual. In: Caderno Brasileiro de Ensino de Física. v.24, nº1. pp.7-25

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Agenda 2030 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável https://brasil.un.org/pt-br/sdgs Acessado em: 22 de março de 2021.

SOUZA, F. F.; NUNES, M. A. S. N. Práticas e resultados obtidos na aplicação do Pensamento Computacional Desplugado no ensino básico: Um Mapeamento Sistemático. In: SBIE 2019, 2019, Brasilia. CBIE2019/SBIE. Porto Alegre: SBC, (2019). v. 1. p. 1-10.